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Juscelino Vieira Mendes 

jvmendes@hotmail.com

Michelangelo, 1475-1564, Teto da Capela Sistina, detalhe

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Alguma notícia do autor:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Da Vinci, Homem vitruviano

 

Michelangelo, Pietá

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Andreas Achenbach, Germany (1815 - 1910), A Fishing Boat

 

 

 

 

 

Juscelino Vieira Mendes



Bio-Bibliografia

 

Advogado empresarial, pós-graduado em Direito Tributário e Financeiro, e especialização latu sensu na Universidade de São Paulo e na Universidade de Paris, Sorbonne; formado em Liderança Avançada pelo Haggai Institute - Maui - Havaí - EUA. Mestre em Filosofia Ética pela PUC-Campinas, com o tema da dissertação de mestrado: "Fundamentos Éticos da Obediência Civil e da Crítica Racional: revisitando K. Popper e J. Bentham." Doutorando em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas - IFCH/UNICAMP. Vide: CV CNPQ.

Sócio do escritório Mendes & Mendes - Advogados Associados - Campinas, São Paulo (juscelino@aasp.org.br). Atua nas esferas: preventiva, consultiva, administrativa (pareceres) e no contencioso judicial, frente aos diversos assuntos, relacionados às operações de empresas transnacionais, dando suporte às suas unidades em diferentes regiões do Brasil e no Exterior (Países do Mercosul). Aspectos societários, negociações governamentais, tributação, contratos em geral, comercial, cível, trabalhista e desportivo. 35 anos de serviço em empresas de diversos ramos, 20 dos quais como advogado empresarial.

Professor universitário nas disciplinas: Filosofia do Direito, Direito Constitucional, Metodologia Científica, Linguagem Jurídica, Direitos Humanos e Direito Tributário.

Professor do Centro Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal - CREUPI e de Liderança Eficaz do Instituto Haggai do Brasil. Associado do IBDT/USP. Escritor e poeta.

Participou na II Coletânea Komedi 1998; do Centro de Poesia e Arte de Campinas, 1998 - Editora Komedi; Saciedade dos Poetas Vivos - Vol. XIII - Editora Blocos - 1999; lançamento do livro Balé do Espírito - poemas reunidos - Editora Komedi, 1999; IV Coletânea Komedi 2000;Coletânea de Textos - CBC, 2001 - Editora Komedi e V Coletânea Komedi 2001.

O poema "Nu como um Yanomami" foi selecionado para publicação na Vila do Conde, Portugal, pelo EISPOESIA, em abril de 1999, na Coletânea Exposição do Movimento, em homenagem ao poeta José Régio pelo trigésimo aniversário de sua morte.

Membro e um dos fundadores do Café Filosófico Jardins de Epicuro em Campinas, SP.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, Acis and Galatea

 

 

 

 

 

Juscelino Vieira Mendes



Fim Natural



És o fim natural
Obrigatório
da pessoa humana.
Extingue-se-lhe
a personalidade,
a capacidade jurídica;
Transmite os seus direitos,
as suas obrigações
a seus sucessores
legais.
Estes seguram uma bandeira
que também um dia
será desfraldada
e novos sucessores virão,
porque és implacável...inexorável!
Não te importas com o tempo:
vivido
escolhido
sofrido.
És pura elegia...
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

 

 

 

 

 

Juscelino Vieira Mendes



Ato de Dormir


O dormir: ante-sala da morte
Suas semelhanças são próximas
Como o são as pessoas em suas idiossincrasias
Há um pressentir de que não vem cedo,
mas chega de repente, sutil e mansa:
horizontal, olhos cerrados, paradoxal

Um passar sem conhecimento
Incólume de governos todos
Inerte, inconsciente, após momentos de faina impetuosa

Suas semelhanças vão ao porvir
Emergem de um impulso originário
Há descanso, ou cansaço após a noite; após o dormir...

Para viver é preciso morrer...
Para morrer é necessário viver...
Para descansar é necessário dormir bem

Há simetria, pois...
há concatenação:
no alternar do dia e da noite...
 

 

 

 

Rafael, Escola de Atenas, detalhes

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Adelaide Lessa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Thomas Cole (1801-1848), The Voyage of Life: Youth

 

 

 

 

 

Juscelino Vieira Mendes



Pais Escolhidos
(para Lucas e Laura)


Madrugamos no desconhecido
Por ímpetos de felicidade
Em mundo hostil
Sem herdade
Inópia de tudo
Às escâncaras chegamos
Em busca de amor, inconscientemente
Sonhamos

Conheceríamos os verbos,
No imperativo
Por ato de amor, conhecemo-los
No futuro do subjuntivo

Amor
Não apenas amizade
Sem "ímpeto"
De sincera felicidade

De pais,
que no dizer de sumidade,
‘Trazem na retina
A alma da hospitalidade’

Pais escolhidos
Escolhidos por Deus
Com eterna candura
Dos filhos teus...
 

 

 

 

Michelangelo, 1475-1564, David, detalhe

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Albertus Marques

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Goya, Antonia Zarate, detalhe

 

 

 

 

 

Juscelino Vieira Mendes


 

Paris


"As an artist, a man has no home in europe save in Paris"



Vi-a de relance
de soslaio, como um triz
Visão de um romance,
em sonho, era Paris
Aprazível é ver exposição no Petit Palais
É caminhar por montparnasse
Sentir Les Fleurs Du Mal, Baudelaire
Bom seria se não passasse!

Como definir? Se quimeras
Se real
Se teus bulevares, deveras
te engalanam de modo abissal?

És o próprio sonho, Paris
cuja fragrância lembra a do anis.

 

 

 

Tiziano, Mulher ao espelho

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Sérgio Castro Pinto

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Entardecer, foto de Marcus Prado

 

 

 

 

 

Juscelino Vieira Mendes


 

Como será o céu?


Lá no céu, como seremos?
Estaremos a industriar, adorar
cantaremos,
ou vamos só amar?
Pensar no amanhã sem lida
é tão intrigante e fascinante
quanto pensar nesta vida
que nos é tão delirante

A vida é prêmio e felicidade
que recebemos num instante
a caminho da eternidade

É magnifico o céu antever
como lugar dos justificados
na ‘insustentável leveza do ser’.

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Slave market

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Mario Cezar

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), The Picador

 

 

 

 

 

Juscelino Vieira Mendes


 

Sestina do Shema


I
São palavras ordenadas por Deus
para alcançar de Suas criaturas o coração
que está longe pós-queda sem poder,
com arrogância e tristeza n'alma.
Portanto do único Senhor ouve
a fim de que possa ser

II
É suprema a graça daquele ser
que busca, na sapiência, e ouve;
que ama, com exaltação, ao único Deus;
que O adora de todo coração
e com profundidade e beleza de toda a sua alma
recebe Suas palavras de poder

III
e, intimando à prole desse poder,
assentado em casa e com o fervor do coração;
andando pelo caminho aberto por esse grande Deus;
deitando, para o descanso e renovação do seu ser;
levantando de manhã, ouve!
E atando as palavras ordenadas por sinal na sua mão,
com alegria n'alma

IV
entre os seus olhos, que são as portas dessa alma,
e por testeiras que identificam O Deus,
escritas serão nos umbrais de seu coração.
Da casa, cuja entrada, dignificará o seu ser;
nas portas, para que tenha poder.
Portanto, ouve!

V
Por que, Israel, não ouve,
para o bem de sua alma?
Se na boa terra o introduziu Deus,
que havia jurado a seus pais, poder!
Emanado de Seu Ser,
de Seu Coração!

VI
Quem amou d'Abraão o coração?
Quem tornou a Isaque um ser?
Quem do Senhor recebeu poder?
Quem edificou a sua alma?
Portanto, Israel, Ouve!
Porque a tudo ordenou Deus...

VII
que o tornará um ser de poder
e de alma edificada para o bem do coração
se ouve, Israel, quem o tirou da casa da servidão: Deus.


2 de janeiro de 1997.



Poema baseado no texto bíblico de Deuteronômio 6:4-9 - "Por algum tempo durante o período do Segundo Templo, esta passagem bíblica foi escolhida para ser recitada duas vezes ao dia, pela manhã e à noite, por todos os judeus. Conhecida pela sua palavra inicial, Shemá, começa assim: "Escuta, ó Israel, o Senhor é nosso Deus, o Senhor é Um". Este versículo tornou-se o lema do judaísmo. É a primeira frase a ser ensinada a uma criança judia, e a última a ser pronunciada antes de morrer." Os Judeus e o Judaísmo, pág. 268, de David J. Goldberg e John D. Rayner - Trad. Paulo Geiger e Carlos André Oighenstein - Rio de Janeiro: Xenon Ed., 1989.

 

 

 

Leonardo da Vinci,  Study of hands

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Maria da Graça Almeida

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Titian, Three Ages

 

 

 

 

 

Juscelino Vieira Mendes


 

Nu como um Yanomami
A Soares Feitosa, e à sua criação: PSI, a Penúltima!


Percorro o meu interior
E me vejo nu como um yanomami.
Ando pelas encostas do meu ser
e vejo claramente as florestas
largas e repletas de árvores fortes e floridas;
largas e repletas de frutos maduros;
largas e repletas de plantas verdes.
Ando em meio as árvores e não percebo o bosque.
em meio aos frutos e não posso comer;
em meio as plantas e não sinto o seu aroma.
Caminho em direção ao rio que vejo ao longe;
rio que tem curso calmo.
Às vezes suas águas, que nunca são as mesmas,
descem velozmente ao encontro de um mar
que é só meu, único e indescritível...impenetrável.
Ando ao encontro desse rio, cujas águas são azuis,
e chego exausto e trêmulo.
Nele molho a minh’alma que se encanta e se enleva,
e chego a perceber o bosque: imenso e úmido.
Ouço o cantar dos pássaros!
E como dos frutos das árvores próximas: maduros e doces.
Que me são permitidos comer!
E sinto o aroma das plantas adjacentes: perfume silvestre.
Cheiro suave!
Sigo atravessando o rio e não desejo chegar.
As suas margens ainda estão largas,
mas se estreitam à medida que caminho:
a passos lentos e firmes...inseguros às vezes: não desejo ainda chegar.
As suas águas continuam a bater nas encostas do meu ser.
Volto-me a mim e reconstituo o caminho de volta.
Deixo para trás um rio lento e suave a caminho do mar
que não consigo enxergar, ainda que o veja: não estou mais nu,
não me conheço. Continuo, contudo, um yanomami.


Salvador, à meia noite de 11 de janeiro/97.



 
Leia Psi, a penúltima, de Soares Feitosa
 

 

 

Psi, a penúltima

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Maria Georgina Albuquerque

 

 

 

 

 

 

 

 

 

John William Godward (British, 1861-1922), Belleza Pompeiana, detail

 

 

 

 

 

Juscelino Vieira Mendes


Vida Ordeira

Vida ordeira, muito só 
Arrefece a incitação 
de escrever composição 
em casa de minha avó 

Parece-me estranho 
a vida caótica; de ator 
É o melhor desafiador 
da minha imaginação...

madrugada de julho/73.

 

 

 

Bernini, Apollo and Dafne, detail

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Ana Peluso