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Fred Souza Castro 

fredsouzacastro@uol.com.br

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


Alguma notícia do autor:


Ensaio, crítica, resenha & comentário:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A menina afegã, de Steve McCurry

 

Um cronômetro para piscinas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

 

 

 

 

 

Fred Souza Castro



Bio-Bibliografia


 

Nasceu em São Gonçalo dos Campos, Bahia, e criou-se em Santo Amaro da Purificação, também na Bahia.

Santo Amaro é um município de cultura canavieira e colheita e passado. Foi da maior importância para o ciclo da cana desde os primeiros tempos. E, mais tarde, participou das lutas pela Independência bem antes do famoso 2 de julho. Terra de condes e barões, Santo Amaro cultiva, ainda hoje, o engenho e arte de seus maiores. Há poetas, pintores, romancistas, escultores e tipos folclóricos da maior grandeza. Fred criou-se aí, no contato com a terra e o povo “santamarense”, pisando o negro massapê dos imensos canaviais que vão, aos poucos, desaparecendo. Assim como os engenhos e usinas de açucar.

Em 1944 Fred já está em Salvador, preparando-se para fazer o admissão ao curso de ginásio no antigo Instituto Normal da Bahia, hoje ICEIA.

Em 1946, para custear seus próprios estudos, faz concurso para os Correios e Telégrafos e se inicia na profissão de estafeta.

Em 1957 deixa o DCT (Departamento de Correios e Telégrafos, do Ministério da Viação e Obras Públicas) e ingressa na Assembléia Legislativa do Estado da Bahia, onde permanece até 1981, ano de sua aposentadoria.

Exercitou outras atividades paralelas, tais como Radio, Televisão, Jornal, Propaganda, Cinema e, por suposto, prosa e poesia, velhas “manias” que o acompanhavam desde os bancos escolares do Primário, ainda em Santo Amaro. Escapou de ser advogado e publicou os seguintes trabalhos:

  • SAMBA DE RODA Poesia Macunaima - 1957

  • CONTO PARA GRISELDA Conto Catamilho - 1968

  • MEU SAL E MEUS

  • ESPELHOS Poesia Catamilho - 1979

  • MAMÃE MACHO Conto Catamilho - 1986

  • A GOTINHA D´ÁGUA Infantil Vozes - 1987

  • PORTULANOS Conto BDA - 1996


Hoje (jul/2000), Fred dedica-se a criar netos, fazer vídeos e escrever


Endereço Postal:

Alameda Andrade
Condomínio Serra do Garcia, B-101
Garcia 4100 060 Salvador, Bahia, Brasil
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Alessandro Allori, 1535-1607, Vênus e Cupido

 

 

 

 

 

Fred Souza Castro


 

Rascunhos - 1
Para Ângelo Roberto
(04.04.97)



Esta noite voltei a sonhar com meus lagartos
e as mesmas pedras onde costumam dormitar
em minha Catedral Submersa.

Aqueles mesmos sons de sino e carrilhões
desfilaram pela nave deserta
como procissões extintas
sopradas das cinzas da memória.

Acho que o sol era só deles,
lagartos quase jade,
figuras esculpidas no limo verde-escuro das rochas.

Seus olhos, no entanto, abriam-se para nosso espanto
e para o espanto deles próprios
(lagartos).
 

 

 

Velazquez, A forja de Vulcano

Início desta página

Daniel Mazza

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Da Vinci, La Scapigliata, detail

 

 

 

 

 

Fred Souza Castro



Rascunhos - 2

(06.03.97)


Quem me cerrará os olhos
com mãos profissionais
ou, (quem sabe?)
fechará minhas mandíbulas?

 

 

 

 

Um esboço de Da Vinci

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Sérgio Castro Pinto

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ingres, 1780-1867, La Grande Odalisque

 

 

 

 

 

Fred Souza Castro


 

Rascunhos - 3
(18.06.97)


Ah meus amigos.
A vida é outra coisa
que não aquela puta disponível
no Castelo de Cymara.

Ah! a vida !
Quem a viveu inteira
dia após dia,
sem solilóquios,
desesperos,
embates de essência e existência ?

Quem não pensou
(ainda que uma uma única vez)
em sua face homicida
ou no suicídio ?

Ah! meus amigos.
O silêncio é péssimo conselheiro.

Melhor o grito,
o eco do grito
reproduzindo-se no abismo.

 

 

 

Bernini_The_Rape_of_Proserpina_detail

Início desta página

Majela Colares

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Caravagio, Tentação de São Tomé, detalhe

 

 

 

 

 

Fred Souza Castro


 

Rascunhos - 4
(06-97)


Posso comprar 10 anos para trás?
Ou vinte, ou trinta?

Posso comprar a vida inteira,
desde o âmago da Mãe
até o imo da amada?


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Franz Xaver Winterhalter. Portrait of Mme. Rimsky-Korsakova, detail

 

 

 

 

 

Fred Souza Castro


 

Santo Antônio além


Santo Antonio além do
Karma
(das armadilhas do além)
arma
(estrutura da Lenda)
os medos com que nos tem
a todos acorrentados.

Sobradões, sótãos, senzalas:
Vida e morte nas janelas.
Os azúis do mar e as velas
....................................alas.

Os pregões das ganhadeiras,
Os amores nas esquinas,
Os becos, praças, ladeiras:
....................................sinas.

no estreito Largo o Divino
adivinha a liberdade
de um preso quase menino:
..................................tarde.

Do passado e do presente
Ali é o ponto final
Dos elos desta corrente
.............................fatal.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), Reflexion, detail

 

 

 

 

 

Fred Souza Castro


 

Dívidas e dúvidas


Densa a escuridão do quarto:
O poeta espera.

Lá fora os gritos da ventania arrebentam-se contra a vidraça.

Passam carros notívagos
Levando restos de gentes.

Os tabuleiros enchem-se de verdura
nas feiras.

O poeta espera.
Acredita que há um Tempo além do tempo ali,
Assim como uma dobra no lençol
Justaposta
na espera.

Anestesia-se o poeta
em sonho.
Acostumou o olhar ao negro mundo de sua cegueira
E, mais do que ver, adivinha paredes,
traços,
manchas,
(o ilusório)

Qual a pior cegueira ?
(o poeta se interroga).

O olho interior devassa instantes só seus
e ele se estira pela dobra entre dois tempos
alcançando margens de rios profundos,
negros como o negrume do quarto.

(Aquela sensação de mergulhar em xarope.)

Está prestes a nascer:
sente-se nas pontas dos dedos,
a língua roçando os lábios,
os pés tocando as felpas do assoalho,
as pálpebras balançando cílios.

Uma vez, muito longe, entendeu o significado de estar ali
em estado de espera;
Quando ?

Havia galos,
jarros de dálias,
o hálito da família ?

Crianças eram todas as crenças;
A verdade – ficção nojenta.

E os castigos estavam por vir
no fio das palavras,
nos novelos de muitas histórias, nas carícias rendendo juros a pagar.
Demitir-se ?
Bastaria preencher um formulário e desnacer
antes que lhe tecessem a própria morte ?
Não lhe foi dado.

O minúsculo germe aguarda passagem na estação dos testículos
equilibrando o pênis da paternidade agônica;
os úivos,
Suspiros,
a dança do ventre em cima dos lençóis.
o altar do útero o aguardava a-ser.

Quem lhe contou coisas assim ?

Depois, muito depois, ainda o medo
(ânsias)

Quem o matou para um mundo de harmonia cósmica,
condenado ao desejo,
à dor,
ao efêmero da alegria,
á felicidade em conta-gotas,
quem ?

O poeta espera uma resposta na noite oleosa do quarto.

Há galos,
Jarros de dálias,
O hálito da família ?

Só há dívidas e dúvidas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Frederic Leighton (British, 1830-1896), Antigona,detail

 

 

 

 

 

Fred Souza Castro


 

O retrato


Era apenas um menino;
Mas como estava antigo
No retrato !

O olhar olhava além
Da lente
E, por certo, fotografava
O olho do mago retratista
Ausente ali sob o docel
Que antecede o big-bang
Do magnésio – o retrato.

Sépia:
o rosto,
cabelos,
braços e mãos,
contrastes do vestuário
e, completando o quadro,
pernas cruzadas no estilo
e borzeguins da Clark.

Era um menino;
Mas como estava antigo
No retrato !

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Andreas Achenbach, Germany (1815 - 1910), A Fishing Boat

 

 

 

 

 

Fred Souza Castro


 

Rainha ou palhaço ?


Quem, no sonho,
A figura sem rosto
Cavalgando a máquina ?
A Senhora Rainha
Ou o Senhor Palhaço ?

Se Rainha e Senhora
Por que não tem face ?

E, se Palhaço,
Será mudo da cara ?