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Roberto Pontes 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Morte de César, detalhe

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ruth, by Francesco Hayez

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Cleópatra ante César

 

 

 

 

 

 

 


Poesia:


 
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Fortuna Crítica:


Alguma notícia do autor:

 

Roberto Pontes

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Albrecht Dürer, Mãos

 

 

 

 

 

 

 

Ticiano, Flora

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

William Blake (British, 1757-1827), Christ in the Sepulchre, Guarded by Angels

  

William Blake (British, 1757-1827), The Ancient of Days

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Franz Xaver Winterhalter. Portrait of Mme. Rimsky-Korsakova, detail


Roberto Pontes


 

Se a esmo a apatia te acudir


Se a esmo a apatia te acudir
e a casa ficar triste e desbotada
será preciso lembrar a aflição
de quem te pensa e sempre silencia.


E quando a minha ausência sufocar
teu ser, sem lenitivo,
urge saber que assim eu te maltrato
e sofro longe esta dor comum.


Quando a solidão fingir que te domina
e a vida parecer um desespero
bom é que penses apenas no tesouro
contido ali no coração que ama.


Mas se nada suplantar a minha falta,
estejas certa que não sou teu deus,
certeza tenhas que não sou o sol,
porque navego os mesmos sentimentos.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Leighton, Lord Frederick ((British, 1830-1896), Girl, detail


Roberto Pontes


 

Epitáfio


Aqui jaz o amor um dia dito
só de beijos e flores viveria.
E não morreu por falta de sustento,
ardor e sonho, pois estes vivem sempre
ao jugo seco da crua existência.
Deixou de haver o sopro simples,
o desejo de ser o conivente,
o comparsa do outro na paixão
que a vida faz ruir devagarinho.
Quem esta morte de bom grado aceita
quer deixar escrito na memória,
na verdade indestrutível de um poema,
o seu perdão, o seu adeus,
o seu soturno desamparo ausente.

 

 

   

 

Tiziano, Mulher ao espelho

 

 

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Rodrigo Marques, ago/2003

 

 

 

 

 

 

 

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), Reflexion, detail


Roberto Pontes


 

Contracanto


Estou em meu poema
como os amantes se estão.
Moro nas vogais e consoantes
circunflexos
ós e xizes cantantes.


Estou nos casebres tristes
da imaginação.
Sou nas quase
vírgulas de ouro
que faço sem porquês.


O alfabeto habito
como me moram
muitas vezes muitas
meu coração.

 

 

   

 

Culpa

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Jorge Tufic

 

 

 

 

 

 

 

 

John Martin (British, 1789-1854), The Seventh Plague of Egypt


Roberto Pontes


 

Lamento do rio raivoso


Essa água
onde um tronco vai
não é água.


É sangue.


Esse rio que corre
não é rio.


É rei coroado de pontes.


Essas conchas
que servem de leito
não são ostras.


São ossos trazidos dos mangues.


Essa nascente do rio Cocó
só pode ser dois olhos
muito grandes
chorando a vida toda
por ter nascido rio
e não fuzil.


(De Contracanto. Fortaleza: SINedições, 1968)

 

 

   

 

Um cronômetro para piscinas

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Dimas Macedo

 

 

 


17.05.2006