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Soares  Feitosa

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Jornal de Filosofia

 

Francisco Souto Feitosa, o pai, dito Tatim

Soares Feitosa, dez anos

Anisia, a mãe, aos 42

 
 

Bio-bibliografia

 

Aleilton Fonseca

 

 

Vicente Franz Cecim

 

 

 

Paulo bomfim

 

SOARES FEITOSA, Francisco José, nasci em 19.01.44, Ipu, CE, mas a infância passei-a em Monsenhor Tabosa,  também no Ceará. Órfão de pai ao nascer. [Notícias do trágico, aqui, em Compadre-primo]. 

Fui jornalista na juventude; caixeiro-viajante no Piauí; depois funcionário do Banco do Brasil. Aos 21 anos já era Fiscal do Consumo. Sempre por concurso. Aos 22, casei com uma serrana, Glaucineide, e com ela tenho cinco filhos. 

Em 1993, quase aos cinqüenta anos, escrevi meu primeiro poema. Até então, nenhuma ligação com o meio literário. Dedicava-me exclusivamente aos assuntos tributários, da atividade de fiscal do imposto de renda, e ao acompanhamento da atividade dos filhos, vários açougues na praça do Recife, uma empresa de médio porte que quebrou bem quebradinha depois que me meti a poetar. Ou, pelo contrário — um enigma até hoje não resolvido —, ter-me-ia estabelecido poeta ante a quebra dos açougues... O fato é que foi,  do dia para a noite, que, de açougueiro e tributarista, inventei-me à poesia. Precisamente na manhã do dia 19.09.1993, quando escrevi, num tirinete, o Siarah.

Em 1996 iniciei a publicação artesanal do livro Réquiem em Sol da Tarde. Ainda em 1996, fundei, na Internet, o Jornal de Poesia. Em 1997 publiquei o primeiro livro, Psi, a penúltima - esgotado.  

Morei 14 anos no Recife e quatro em Salvador. Retornei para Fortaleza (2001) já aposentado [auditor de tributos federais], onde completo o leite das crianças com a atividade de especialista em tributos em Feitosa Consultoria Tributária e Advogados Associados, OAB-CE nº 288.

Mantenho, na Internet [Jornalista - DRT, CE, REG nº 364, 15.5.1964], além do Jornal de Poesia, o Jornal de Tributos e o Jornal de Filosofia. Sou o jornalista responsável pela revista eletrônica Agulha, editada por Floriano Martins e Claudio Willer, e que é hospedada aqui dentro do Jornal de Poesia. 

Planejo — antes que a ceifeira chegue — mais um monte de coisas, dentre elas editar Salomão, um projeto praticamente sem fim. Veja a foto do dito cujo (eu) em plena atividade, à frente da laboriosa equipe do Jornal de Poesia.

[E se estiver com muita vontade de dizer que aqui tem retrato demais, diga não, por favor. Sou doido por retrato. Encompridei este texto justamente a caber os dois últimos, desses poetas extraordinários, Espínola e Alphonsus. Homenageio-os, pois. Aproveite e mande o seu].

Ascendino Leite

 

 

mIlôr Fernandes

 

 

 

José Peixoto Jr

Adriano Espínola   Alphonsus Guimaraens Filho
   

 

 
 

Wilson Martins

 
 

Aníbal Beça

 

 

 

 

  Maestro Cussy de Almeida

 

 

 

 

    Irineu Volpato

 

 

 

Nei duclós

 

 

   

Jorge Tufic

 

 

 

 

Helena Armond

  

 

 

   Lilian Mail

 

 

 

 

 

Um poeta da terra nordestina

 

Para Soares Feitosa, o mundo existe, não como paisagem,

mas como bloco existencial de matas e rios

 

É Soares Feitosa ("Psi, a penúltima". Salvador: Papel em Branco, 1997), poeta da terra nordestina, não pelo pitoresco exótico, mas como integração pessoal e orgânica, como parte física e palpável do Brasil, como visão ao mesmo tempo épica e lírica do rincão natal. Pertence à família dos nossos poetas da terra, os Joaquim Cardozo, Ascenço Ferreira, Raul Bopp, Juvenal Galeno, Thiago de Mello, mas, é preciso dizê-lo, com amplidão muito maior no que se poderia chamar a incorporação cósmica. 

Segundo a frase célebre, é um homem para quem o mundo exterior existe, não como paisagem ou quadros de uma exposição, mas como bloco existencial de matas e rios, pássaros silvestres e animais domésticos, homens e mulheres em estreita convivência com cavalos e cabras, burrinhos de carga, a família e o meio, cenas da infância, as estações do ano, humanidade e ecúmeno de que faz parte, expressa, aqui e ali, com fervor patriótico. E, dominando tudo, o fator catalítico do tempo que passa e do tempo que dura. 

Para ele, a Pátria são os caminhos que pisa, as armadilhas de caçar passarinhos, as cobras que rastejam, as abelhas que produzem cera e mel, a paisagem esturricada, as montanhas e as árvores que conhece pelo nome, as frutas e os campos, o sofrimento do homem, a tragédia do clima e o milagre da chuva, a resistência resignada com que aquele mundo enfrenta a adversidade, a recompensa das manhãs e a impiedade do sol, o sentimento de abandono em que a região é mantida. Não são temas "literários" e o ufanismo de Soares Feitosa nada tem de simplório: é, antes, com amargura e revolta que encara a realidade: 

"Auriverde pendão de minha terra, que a brisa do Brasil beija e balança... famintos do meu Brasil precisam sonhar com um pão. Não há país como este, em se plantando, ó Caminha, sim, plantaram, plantaram nas algibeiras onanistas do metal. Em se plantando, seu Caminha, o que dá, não dá, o que deu, não deu, nunca deu... o que deu, o gato comeu, o que deu, o rato roeu". 

Os motes gerais dessa poesia, nas suas próprias palavras, são a infância, o chão, os matos, as pedras, os céus, as águas, o sertão, os bichos grandes e miúdos, oficinas e tralhas, cheiros e sons! mofumbos & alecrins, perfumes — tudo expresso no idioma dos grandes poetas universais, ecos da poesia primeva, Homero e Saint-John Perse, Walt Whitman e Victor Hugo, porque Soares Feitosa não é um "ingênuo" do romanceiro popular, não é o falso sertanejo da cidade nem o verdadeiro sertanejo iletrado, mas o sertanejo autêntico hipostasiado em poeta culto. 

É a "matéria do Nordeste" que forma a substância dos seus cantos épicos e dos seus transportes líricos, como na extraordinária "Antífona", uma das mais belas odes jamais escritas em língua portuguesa. É poema a ser lido por inteiro e em voz alta: "Venho de outras terras, meu capitão, não sou da beira do mar, eu venho desd’onde uma bola de fogo, volúpia de luz, volúpia de cor, cavalgava o horizonte e desabava, queda brusca por detrás da serrania (...)". 

As suas raízes humanas e poéticas, como as de Homero (literalmente evocado), estão nos cantadores das gestas populares: "Acudam-me os cantadores: Ignácio da Catingueira, negro e escravo; Romano da Mãe d’Água; vocês também fundaram o galope, a cantoria; Pinto do Monteiro, Otacílio, dos Batistas, a batistada toda, venham todos (...). 

Leiam o saboroso "Rio Macacos": "Rio?! Quem chamaria aquilo de rio? Era apenas uma grota risível (...)", explicando nas notas didáticas que acompanham todos os poemas: "Rio Macacos, nem sei se ainda existe, mas lhes garanto que água ele não tem!".

Soares Feitosa traduz o folclore em versos literários, escritos num idioma culto, sem concessões tolas ao populismo de carregação, assim escapando dos lugares-comuns previsíveis e estafados: "O sol, ainda ferro de brasa, chiando como um ferro de ferrar boi, soltando chispas, para bater a poeira, as fagulhas do dia, abanar-se um pouquinho da tarde quente, se esfregava nos penachos da palmeira mais alta (...)."

A mais a seca, maldição divina, seguida pelo milagre da água: "As águas em minha terra são efêmeras,/ parideiras, fêmeas, efêmeras eram as águas...". Com a primeira chuva, explodem as sementes mais apressadas: "Noutra chuva,/ outra leva nasceu (...) e mais outra, sempre mais uma leva/ de sementes nasciam e sucumbiam/ um raspar das enxadas (...)". [Panos Passados] e [Dormências]. 

Anexado ao volume, Soares Feitosa oferece ao leitor o contacto físico com o Nordeste e o Brasil antigo, sob a forma de um envelope com sementes de imburana-de-cheiro, por ele mesmo torradas e moídas: é o perfume da terra que perpassa pela obra, não só em sua materialidade física, mas também como representação por assim dizer olfativa da poesia da terra. 

Trata-se, então, de um poeta sertanejo, limitado ao regionalismo típico das letras? Longe disso: é um poeta lírico de harmônicas universais, inclusive as sugestões místicas; é também um saudosista, na medida em que são por natureza saudosistas os temas históricos e as evocações sentimentais, inspiração para belos poemas, como, por exemplo, "Perdidos e achados". 

Não podemos tampouco ignorar-lhe o lado ultra-moderno, criador do "Jornal de Poesia" pela Internet, em 1996, por não haver encontrado nenhum texto de poesia em língua portuguesa pelas ondas etéreas da eletrônica. E agora lá estão eles, os poetas, consagrados e principiantes, o que já é, em si mesmo, uma forma de poesia: a poesia do nosso tempo.

 

[Vide fac-símile, jornal O Globo, de página inteira, com ilustração, in Prosa & Verso, 26.4.1997].

 

 

Micheliny Verunschk

 

 

 

 

Foed Castro Chammas

 

 

 

 

Barros Pinho

   

 

 

José Romero Antonialli

 

 

     

Jorge Medauar

 

 

 

 

Antônio Houaiss

 

 

 

Regina de Souza Vieira

 

 

Maria Maia

 

 

Thomas Cole, (1801-1848) The Voyage of Life; Youth
   

 

 
 

Jorge Amado

 
 

albano Martins

 

 

 

 

 

Izacyl Guimarães Ferreira

 

 

 

 

Maria Azenha

 

 

 

Regina Sandra Baldessin

 

Caro Soares Feitosa,

 

Venho de terminar a leitura de RÉQUIEM EM SOL DA TARDE, leitura demorada não apenas porque atualmente, devido à minha curta visão, leio com dificuldade, penosamente, mas também porque seu livro exige leitura atenta, pois não se trata de um livro qualquer, reunindo uns não sei quantos poemas de mais um dos poetas brasileiros.  Em verdade são vários livros reunidos Jorge Amado num alentado volume e o poeta não é um poeta qualquer: exige atenção e seriedade.

Não sou crítico literário, para tanto faltam-me vocação e erudição.  Menos ainda, crítico de poesia - sobre ficção talvez possa dizer alguma coisa, pois sendo romancista, entendo um pouco do assunto.  Poesia apenas leio, gosto ou não gosto, é tudo. 

Sou mais exigente do que se refere à poesia do que à ficção;  para que prossiga na leitura de um livro de poemas faz-se necessário que os poemas me prendam, me envolvam, de certa maneira me dominem. Assim aconteceu com seu livro (seus vários livros).

Creio que Gerardo Mello Mourão definiu sua poesia com exatidão quando diz que você  "canta a saga de nossas paróquias, de nossos vizinhos, de nossa aventura humana na pequena e brava gleba de nossa herança ontológica e existencial".  Não seria possível dizer nada mais claro e verdadeiro sobre sua poesia.  Devo acrescentar que, igual a Mário Pontes, eu também gosto dos poetas "largados" - é o seu caso.

Li o livro todo:  os poemas — não posso esconder uma certa preferência por COMPADRE-PRIMO — pelas notas, as legendas de retratos, envelopes, etc. e tal: seu livro é como uma dessas arcas de antigamente, onde eram recolhidas diversas coisas, cada uma delas com sua importância e significação.

Li também as opiniões, tantas, e todas unânimes, a constatar a importância de sua poesia.  Poesia "estranha" diz Millôr, dizendo ele também uma verdade.  Muitos outros adjetivos poderiam ser acrescentados na busca de uma definição do que é difícil de se definir. Creio que se trata de poesia, poesia de alta qualidade.
 

      Receba um abraço cordial do seu leitor

Jorge Amado

 


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Entrevistas:

 

 

José Alcides Pinto

 

 

 

 

 

Francisco Carvalho

 

 

 

 

Luiz Nogueira Barros

 

 

 

Rita Brennand

Ledo Ivo  

Continua

Luiz Paulo Santana