Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

 

Chico Miranda

 

chicomiranda50@yahoo.com.br

Alessandro Allori, 1535-1607, Vênus e Cupido
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


 

 

Crítica, ensaio e comentário:

 


Fortuna crítica:


Uma notícia do poeta: 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Velazquez, A forja de Vulcano

 

Tiziano, Mulher ao espelho

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ingres, 1780-1867, La Grande Odalisque

 

 

 

 

 

Chico Miranda


 

Do Boi

A língua lambida
lambia o lombo
no tombo tombado
da vida do boi.
A vaca michada michava o queixume
no lume da lama que enlameava o boi. A pata quebrada
quebrava o quebranto
no olhar de espanto
da cara do boi.

O casco rachado
rachava o rachado
da racha profunda
do casco do boi.

O tempo passava
passado no tempo
no tempo passado
da vida do boi.

 

 

Culpa

Manoel Ricardo de Lima, 2003

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Chico Miranda


Vamos!

 

  

Pousa tua coxas
entre minhas coxas,
bole meus cabelos
meus dedos meu sexo.
Vamos,
essa vida é assim mesmo,
vamos!
Antes que a chuva passe,
Antes que a noite acabe,
Antes que a vida fiasque!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Bailarina

 

Na leveza dos teus braços,
bailarina, Os meus sonhos se afinam.
No teu ser feito cisne branco
tu flutuas feito pluma..
Nas minhas veias, bailarina,
o meu sangue incendeia
os teus olhos de menina.
Na tua pele feito pele de coelho,
meu corpo absorto entra em devaneio

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Cavaleiro Solitário

 

 

Sou cavaleiro solitário

criador de mil estórias,

navegador de todos os mares.
Sou apaixonado pela vida,
dia de sol ou dia de chuva,
vou tocando a minha lida,
vou colecionando estrelas...
Já fui menino, hoje sou homem.
Já fui calmo, hoje sou medonho,
e quero amar todas as pernas que eu encontrar. 

Já fui chamado de tarado
só porque amo as mulheres
na mais ampla condição.
Sou viajante do planeta,
com um papel e uma caneta,
faço versos sem ter medo.
Já torci time fraquinho,
hoje sou FERROVIÁRIO, que no seu itinerário dar sempre BAILE no salão.
Sou cavaleiro solitário, criador de mil estórias, navegador de todos os mares!
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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E se eu disser

 

E se eu disser que é fantasia,
que é coisa de dia e meio meio-dia.
E se eu disser que é passageiro,
que pode demorar o ano inteiro,
que é somente coisa de fricote,
que eu não estou batendo bem da bola,

que é somente coisa de enrola-enrola.

E se eu disser que pode durar a vida inteira,

que pode ser pura paixão,

que está me partindo o coração,

que às vezes me maltrata,
me enche o saco feito dia de ressaca.
E se eu disser que me dá um tesão danado,

que é feito beijo na boca de namorada,

que é feito perna grossa dentro de saia curta engomada.
E se eu disser que sem você a vida não dá mais pé!   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Uma Linda Canção

 

Vou cantar p'ra você
uma linda canção de alegria,
uma linda canção de amor,
como há muito não cantam
todas as vozes,
todos os coros da vida,
todas as óperas.
Vou cantar
uma linda canção,
como cantam os amantes,
como cantam os bêbados
e todos os seresteiros,
quando saem às ruas...
sob a luz da lua,
vou cantar...
Vou cantar uma linda canção
como se um coral de mil vozes
soltasse o seu canto maior,
sua canção preferida em dó maior
vou cantar.   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Medo

 

 

Eu tenho medo da lembrança da infância e dos homens de poucas palavras. eu tenho medo dos sonhos, das fantasias e das facas de dois gumes. eu tenho medo do homem de capa preta e dos jogos de azar. eu tenho medo do canto do galo no telhado, da lagoa secar, da
chuva não vir, do legume acabar e do jardim não florescer.
Eu tenho medo da bomba explodir e dos caos aumentar, do ar poluir-se mais e dos peixes morrerem.
Eu tenho medo do coração parar de bater, da guerra chegar...
Eu tenho medo do amor acabar!

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Ceará

 

 

Ceará terra da luz,
meu amor que me conduz pelas praias além...
Mergulhar fundo, que fundo...
Verdejar, a tarde colorir. Ir além-mar, velejar, velejar,
ondas a dentro, festejar. festejar.
Ceará terra da luz, meu amor que me conduz
pelos bairros além: Bela Vista, vista bela,
Rodolfo Teófilo, paraíso, correr atrás da bola todo domingo. Dividir os gramados, receber os passos dos meninos: Raimundo Luiz (poeta) da palavra, da bola;
Jairo, grande homem, zagueiro nem tanto;
Messias, bom de bola; Araújo chegou e aprendeu.
Geraldo, Cristiano, Ronaldo, Baixinho, Bil, que beleza;
Robério, Ivan e outros mais...
Parquelândia, Aldeota, burguesia,
batendo à porta, quem diria? - Era eu!
Papicu, Serviluz, Varjota, infância perdida...
Mucuripe, tuas velas não saíram para pescar.
Meireles, outra vez mergulhar fundo... Pirambu, celeiro de artistas e homens fortes! Iracema, praia dos amores - que saudade de Luis Assunção! Ceará terra da luz meu amor que me conduz pelas noites de luz, pelas noites de lua.
Ceará , ver amigos, abraçar...
Ver antigos amores, beijar bocas, namorar!...
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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No verde desse teu olhar

 

 

Eu sei que em seu corpo um dia
eu posso encontrar,
o amor que eu perdi no tempo
o amor que eu deixei pra lá.
Verdades e mentiras
que eu não consigo mais falar...
Paixão de quem sempre ama
amor de quem quer amar,
eu sei que tudo isso é sonho,
eu sei que tudo é sonhar,

eu sei que navegar é tudo no verde desse teu olhar.

Eu sei que na sua boca vermelha eu quero encontrar o sabor da fruta do guaraná, ou então das frutas da vida que as estações conseguem replantar.
Eu sei que tudo isso é sonho,
eu sei que tudo é sonhar,
eu sei que navegar é tudo
no verde desse teu olhar...
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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O bêbado

 

 

O bêbado zanza
p'ra lá e p'ra cá.
As casas rodam,
fechaduras passam
em fila indiana.
De chave na mão,
o bêbado se pergunta:
- qual a minha porta?
- qual a minha casa?
O bêbado vacila e acorda e cochila.
O bêbado tenta fumar
e nas mãos nada.
A não ser os dedos,
a não ser a chave.
O bêbado agora tem medo,
de ter medo.
Medo de tombar.
Medo de morrer.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Sou assim

 

 

Sou assim
assim eu sou,
doidamente
estranho sou.
Tão estranho
que às vezes
me estranho.
E quando rio,
Deus me acuda.
E quando choro,
choro um oceano.
e quando amo,
amo demais.
 

 

 

 

 

Xenia Antunes

Lilian Mail

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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É assim

 

 

É parada dobrada, é sorriso forçado,
é carnaval, é folia.
É grito de alegria, nos três dias que são da avenida...
É alguém que sorria é agora só chora,

e de braços abertos frases e dialetos ele tenta dizer:
É o carnaval, é no natural,
é você que partiu
me deixando numa mal.
É carnaval outra vez
é sorriso de vez aumentando...
É alguém já chorando pois o amor que tinha foi se
embora...

É a chuva caindo, são os pingos molhando toda avenida...

é você que se foi sem deixar pra depois seu amor para mim.
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Oceano

 

 

O meu amor por você não é feito de amor comum. Ele quer comer com fome, ele quer beber com sede, ele quer um sobrenome...

O meu amor por você é bastante diferente, é amor que agrada a gente, é pele na pele quente, é boca na boca urgente, é batom no colarinho...
É abraço apertadinho, se você quiser me dá...

É sorrir na madrugada, bate papo na calçada, é bem viver...

O meu amor por você é simples e muito sério, sem nada de fazer mistério é a amor sem complicar...

É amor de boas intenções sem maldade no coração, quero lhe amar pra sempre sem nenhuma ilusão!
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Nosso amor

 

 

Nosso amor nem começa
nem termina, fica assim
cumprindo sina de querer e não querer.
Nosso amor é um conto, uma novela,
amor de bairro e de favela,
primavera que já era,
uma vontade
de sonhar.
Nosso amor vai entrar no carnaval,
fazer mal não fazer mal,
purpurina e não torpor.
Nosso amor estão falando nas calçadas,
nas lanchonetes, nas cantinas,
pelos becos e esquinas.
Nosso amor está nas ruas, está nos rios,
está nos nossos desvarios,
é um compromisso é um complô.
Por isso nosso amor
fica assim cumprindo sina
de querer e não querer.
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Os anjos (ao Renato Russo)

 

 

Os anjos estão partindo, os anjos estão deixando muita saudade.
Os anjos estão perdendo a fé, o ante pé, o contrapé. Os anjos estão partindo, sorrindo eles vão, por caminhos difusos...
Os anjos vieram e foram embora, não marcaram hora não avisaram. Os anjos se foram p'ra nunca mais voltar...

Os anjos fizeram tudo, os anjos construíram sonhos, os anjos até protestaram, os anjos falaram de amor, os anjos choraram, os anjos brigaram, os anjos fizeram viver todos nós: "Clarisse, Raimundo, José", os anjos fizeram sonhar.
"Miranda, Mário Thé, Túlio Monteiro, Liduina Nunes, Arminda Serpa, Klinger", os anjos fizeram poetar. "Nelson, Kênia, Neudina, Olguimar, Evanildo, Socorrinha, Marcelino, Silvia, Joene, Henrique, Hélade", todos são anjos e os anjos fizeram cantar.
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Minhas mãos (a Vera Regina)

 

 

Quando minhas mãos
tocaram teu rosto,
ficaram trêmulas
e cheias de medo.
Quando minhas mãos
tocaram teus seios,
senti-me um menino
diante de um novo brinquedo.
Quando minhas mãos
tocaram teu sexo,
há muito eu viajava
por caminhos brumosos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Você (a Raquelzinha)

 

 

Você não sabe as coisas que eu faria, das coisas que eu farei, só p'ra lhe ver aqui todos os dias. Você não sabe das coisas que eu faria pra ver você feliz, pra ver você feliz..

Talvez você não imagine o que posso, talvez você não compreenda o que eu digo, mas é que um homem tem sempre uma chave no bolso e com maior ou menos esforço ele quer sempre ser o melhor. Você não sabe mais eu vou lhe dizer pois você é uma pessoa fantástica, capaz de apaixonar o homem mais preparado. Se você soubesse de tudo isso talvez compreendesse essa minha amizade carregada de tesão e outros adjetivos... Se você soubesse não ficaria tanto tempo distante, como medo feito soldado voltando da guerra. Se você soubesse de tudo isso já teria decidido a me ver todos os dias...Mas você não sabe ...!
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Espera (A Georgina, minha filha)

 

 

Esperei...o vento veio
dobrou a esquina,
só não veio a menina
Esperei...A tarde veio
dobrou a esquina,
só não veio a menina
Esperei...Veio o pipoqueiro
dobrou a esquina,
só não veio a menina
Esperei...Veio o velho de botina
dobrou a esquina,
só não veio a menina.
Esperei, esperei, esperei...
só não veio a menina.
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Teresina, meu amor.

(À minha mãe e ao meu pai)

 

 

Teresina, meu amor
quanto tempo não vejo?
Teresina, meu amor
quanto tempo não te beijo?
E eu saía, Teresina, a caminhar por aí,
nas tuas ruas tranqüilas e inocentes
sem violência e sem medo,
a caminho da escola sem dar

bola p'ro futuro...
Teresina, meu amor
tu crescestes feito uma flor.
Estás feito uma mulher,
cheia de encanto e muita fé.
Teresina, tu eras apenas uma cidade pequenina
entre o Poty e o Parnaiba e eu menino feliz
entre quintas e quintais
jogando bola em terrenos empoeirados.
As canoas deslizavam sobre o espelho d'água,
carregadas de feijão verde,
mangas, melancias, peixes
e gente humilde...
Ah, Teresina, se eu pudesse
voltava a viver novamente
o tempo de "Monsenhor Zaul",
de "Oscar Claque", de "Elvídio Nunes",
de "Escola Técnica Federal".
Oh, Teresina, tu és pra mim,
uma grande jóia que guardo
com carinho e amor!
 

 

 

 

Maria do Socorro Cardoso Xavier

Daisy Maria Gonçalves Leite

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Pelo amor de Deus (A Vera Regina)

 

 

Tira a minha roupa pelo o amor de Deus,

pelo amor de Deus beija a minha boca.
Puxa os meus cabelos pelo o amor de Deus,

pelo amor de Deus me enche de tesão.
Me aperta o peito, me deixa em chama,
me aperta as coxas, me deixa mocho de tanto amar.
Tira os meus sentidos pelo amor de Deus,

pelo amor de Deus rouba o meu juízo.

Beija a minha cara, sufoca a minha fala,

desde anteontem, que eu desejo te amar.
 

 

 

 

Maria Conceição Oliveira Carneiro

Antônio Houaiss

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Vaga-lume (Ao Chico Buarque)

 

 

Vaga-lume
vaga o lume
desta noite em lua cheia.
Vaga-lume
vaga o sonho
desse homem que é tristonho.
Vaga-lume
vaga a vida
da criança abandonada.
Vaga-lume
vaga a noite
dos boêmios noite a dentro.
Vaga-lume
vaga o sonho
dessa mulher de areia.
Vaga-lume
vaga a ilusão
do operário em construção.
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Chico Miranda


 

 

Não Cantes

 

 

Não cantes sobre coisas
que achas levar vantagem,
não digas sobre coisas
que maltrate o teu próximo.

Não pecas o agora
com decisões indecisas,
com passos mal dados,
com amores mal amados.
Não esperes que a chuva caia
p'ra depois plantar a semente,
na esperança de colher
bons frutos, boa safra.

Não sejas falso-tranqüilo
enquanto tremes de medo
e escondes teu segredo
em sonhos de ilusão.
A tua palavra é a tua voz
o que produzes é a tua vida,
o que beijas é o teu amor,
o que amas é o teu louvor.
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Reflexos (A Georgiana)

 

 

Estou feliz agora:
comprei um par de sapatos novos
uma camisa de cetim
e estou fazendo planos
p'ra sorrir de dentes novos.

Estou tranqüilo agora:
pois no jardim da minha casa
nasceu uma flor pequenina.
Uma flor que faz a gente sorrir.
Uma flor que faz a gente acordar na madrugada e ter esperança.

Estou tranqüilo agora:
pois já chega fim de ano,
pois já chega fim de sonho,
pois já chega fim de tudo,
p'ra tudo novamente começar! 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Pra você

 

 

Se você puder escreva p'ra mim,
falando vida, falando do amor,
falando dos sonhos...

Eu sei que o correio andou em greve, mas já passou...

Se você puder escreva...

Há tantas coisas p'ra se falar, tanto p'ra se dizer,

que daria, quem sabe,

uma peça teatral ou um romance...
 

O que fizemos não conta?

O que nos gostamos não vale?

Eu sei perfeitamente que pode ter sido apenas fogo de palha.

Mas até fogo de palha deixa marcas.

E o que nos tocamos?

E o que nos beijamos?

E o que nos gostamos?

E o que nos amamos, meu Deus?!

Se contarmos os dias, fazem mais de cem.

Se contarmos o tempo faz uma eternidade

E roseirais morreram, e milharais secaram,

e salários micharam, e crianças nasceram,

e governos caíram, e saudades cresceram,

e doentes foram curados, e terremotos aconteceram, e
pessoas desapareceram, e "Ferroviários"

e "Botafogos" foram campões!

E luas encheram, e invernos vieram...

E você, teimosamente, não me escreveu.

Nunca mais me escreveu...

Se você puder escreva pra mim! 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Chico Miranda


 

 

Essa lua!

 

 

Essa lua Atrás da rua trás lembranças da infância...

Faz lembrar da vida boa, que eu levava e não sabia...

Das corridas atrás de bola, dos mergulhos lá no mar.
 

Essa lua atrás da rua faz a gente ser criança,

faz a gente entrar na dança, faz a gente viajar.

Essa lua atrás da rua trás lembranças da adolescência,

dos tempos de Teresina,
pequenina e bucólica entre rios, Parnaiba e Poty.

Essa lua atrás da rua trás lembranças da primeira namorada,
IVANETE era seu nome, uma mulher tão bonita,

que às vezes eu me perguntava:
"o que será que ela viu em mim?"

Mas, já se foram vinte e Cinco anos

e nesses vinte e

Cinco anos foram juntos tantos sonhos e ilusões.

Tantos casos bem amados, mal amados, t

antas brigas, tantos beijos, tantas promessas...

Essa lua atrás da rua, me faz chorar. Me faz viver!  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Chico Miranda


 

 

Teu corpo

 

 

Teu corpo é rio em cheia
teus olhos são luas cheias,
tuas mãos são bálsamo
tocando meu corpo,
que absorto,
entra em devaneio.

Teus seios são círculos
rodando em minha cabeça,
mexendo com as minhas idéias
provocando-me desejos
colocando gosto bom na minha boca.

Teus olhos são dois faróis
que clareiam meu destino,
que apontam o meu norte
que conduzem ao paraíso
que me trazem felicidade,
que me fazem gozar a vida.
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Chico Miranda


 

 

Onde

 

 

Onde começa o nosso amor
eu não sei. Onde termina o nosso amor
eu não sei. Eu não sei mais nada
perdi-me na estrada do teu corpo
e com esforço e sem esforço,
eu não sei onde ela vai dar.
Nosso amor vem de tantos anos,
e se existem alguns enganos
as madrugadas fazem a destilação.
Mulher forte feito rocha
e às vezes frágil feito criança,
ela tem entrado sempre na dança
ela tem respondido sempre presente.
Vem de longe o nosso amor:
lá do Tibete talvez, talvez das Arábias.
Vem de Teresina lá no Piauí.
ou então da grande Sampa. 18
Vem das terras Sergipanas
ou dos confins Pernambucanos
por entre canaviais.

Mas mesmo assim onde começa o nosso amor eu não sei.
Onde termina o nosso amor
eu não sei. Eu só sei que é uma mistura
de puro e bom, de perigoso e inocente.
Nosso amor é um jogo e perdendo ou ganhando
vamos juntos outra vez,
temos lucro demais,
temos bons carnavais,
poesia em flor...
Temos a vida ideal!
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Chico Miranda


 

 

Da esquina da rua

 

 

Da esquina da rua
chegam vozes absortas.
Da esquina da rua
pessoas brincam de artistas.

Da esquina da rua
homens sonham com direitos iguais.
Da esquina da rua
uma linda menina tenta beijar a lua.
Da esquina da rua
cachorros ladram para um vulto que passa.
Da esquina da rua
um carro derrapa feito cavalo de lote.

Da esquina da rua
a poesia sazona o tempo.
Da esquina da rua
eu e minhas vontades
esperamos o tempo passar. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

05/09/2007