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Cyro de Mattos

cyropm@bol.com.br

Thomas Colle,  The Return, 1837

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


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Contos:


Alguma notícia do autor:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), L'Innocence

 

Leonardo da Vinci, Embrião

 

 

 

 

 

 

 

 

Ingres, 1780-1867, La Grande Odalisque

 

 

 

 

 

Cyro de Mattos



Bio-Bibliografia


Nasceu em Itabuna, cidade no sul da Bahia. Contista, novelista, ensaísta, cronista, organizador de antologias e autor de livros para jovens e crianças. Advogado aposentado. Jornalista com passagem na imprensa do Rio. Como poeta publicou dez livros para o leitor adulto e quatro infanto-juvenis. Como autor de prosa de ficção curta publicou “Os Brabos”, Prêmio Afonso Arinos da Academia Brasileira de Letras, 1979, “Os Recuados”, Prêmio Nacional Jorge Amado do Centenário de Ilhéus, Prêmio Leda Carvalho da Academia Pernambucana de Letras e Prêmio Jabuti (Menção Honrosa), 1987, “Berro de Fogo e Outras Histórias”, Prêmio Vânia Souto Carvalho da Academia Pernambucana de Letras, 2002, “O Mar na Rua Chile”, crônicas, Finalista do Jabuti 2003, “Histórias do mundo que se foi”, Prêmio Adolfo Aizen da União Brasileira de Escritores, 1997, “O Goleiro Leleta e Outras Fascinantes Histórias de Futebol”, Prêmio Hors Concours Adolfo Aizen da União Brasileira de Escritores, 2003, e “Natal das Crianças Negras”.Está presente em diversas antologias do conto no Brasil e em Portugal, Alemanha, Dinamarca e Rússia. Sua história “Ladainha nas Pedras” participa da antologia “Visões da América Latina”, organizada por Uffe Harder e Peter Poulsen, Editora Vindrose, Copenhague, ao lado de contos de Jorge Luís Borges, Juan Rulfo, Mario Vargas Llosa, Uslar Pietri, Alejo Carpentier, Juan José Arreola, Miguel Astúrias, Mário de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Aníbal Machado e Clarice Lispector, dentre outros. Com “Inocentes e Selvagens”, conto, conquistou o Prêmio Internacional Miguel de Cervantes, da Casa dos Quixotes do Rio de Janeiro, concorrendo com escritores do Brasil, Portugal continental e ultramarino, em 1966. Foi finalista do IV Prêmio da Fundação Educacional do Paraná (FUNDEPAR), em 1968.

De suas histórias disse Jorge Amado: “Realmente é um escritor brasileiríssimo pela temática e pela linguagem. O tema é o povo brasileiro mais humilde e típico e a linguagem, depurada, exata, amplia a dramaticidade da ação, impedindo qualquer vulgaridade de sentimento... Cyro de Mattos possui uma personalidade vigorosa e original, a condição humana dos personagens que surgem do seu conhecimento e de sua emoção nada tem de artificialismo... O autor de “Os Brabos” pisa chão verdadeiro, toca a carne e o sangue dos homens, entre sombras e abismos.” Carlos Drummond de Andrade ressaltou: “Começo bem o ano, lendo “Os Brabos”, em que Cyro de Mattos põe muito sentimento dramático da vida, e muita vivência brasileira. São histórias que ficam na lembrança da gente.”

Endereço Postal:

Cyro de Mattos
Tel.: 73 211 1902
End.: Tv. Rosenaide, 40, aptº 101
Zildolândia
Itabuna - BA
CEP 45.600-395
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Frederic Leighton (British, 1830-1896), Memories, detail

 

 

 

 

 

Cyro de Mattos


 

Ecológico


Já não sai do oco a coruja,
do azul a garça como noiva,
carcará não pega, mata e come.
Jacaré não choca na lagoa
e a memória do couro abala
o meu ser ferido de desejo
das águas puras e profundas.
Não pousa em mim a esperança,
com a doçura dos favos
não mais a abelha operosa,
ó vento que sangra a fauna,
ó clamor que inverte a flora..
Quando a mata for deserta
e não mais se colher a flor
e o rio se esconder da chuva
e a terra dormir amarga
e Deus não riscar a lágrima
é esta a triste música?

 

 

 

A menina afegã, de Steve McCurry

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Vicente Franz Cecim

 

 

 

 

 

 

 

 

Da Vinci, La Scapigliata, detail

 

 

 

 

 

Cyro de Mattos


 

O Boi


Deu adeus à flor.
Culpado mas sem pecado,
Morre sem rancor.

Síntese de boi:
Pasta em conserva de lata.
Verde que se foi.

Teus mudos mugidos
Em mim ressoam sem fim
Nestes verdes idos...

 

 

 

Ruth, by Francesco Hayez

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Micheliny Verunschk

 

 

 

 

 

 

 

 

John William Godward (British, 1861-1922), Belleza Pompeiana, detail

 

 

 

 

 

Cyro de Mattos



Lugar


Ainda que seja
um grão no deserto
o poema é meu lugar
onde tudo arrisco.
Irriga minhas veias
como a chuva à terra
em suas mil línguas.
Antigo, bem antigo,
me anuncia no vale,
me consuma real,
viajante cativo
da solidão solidária.
Sem esse jeito
de ser flor e vento,
sonho e música,
uma coisa só amor,
não há o espanto,
a lágrima, o beijo,
o riso, o epitáfio,
não há o sentido.
 

 

 

 

Um cronômetro para piscinas

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Aleilton Fonseca

 

 

 

 

 

 

 

 

Titian, Venus with Organist and Cupid

 

 

 

 

 

Cyro de Mattos



Gitano Garcia Lorca


A pata na pétala
de hesitante tremor.
O ódio e a morte
a ferver das funduras
nas bodas da fera.
O amor diante da mira,
nos braços para o ar.
Toda a imagem pura
da manhã desfaz-se.
De esperança tua música,
matar-te não conseguiram.
Tu és o que ressurge
nos galos da aurora,
na ternura dos lírios.
Garcia Lorca tua guitarra
feita de flor no coração
a me prender na lágrima,
a me desprender nos ermos...
 

 

 

 

Culpa

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Gerardo Mello Mourão

 

 

 

 

 

 

 

 

Caravagio, Êxtase de São Francisco

 

 

 

 

 

Cyro de Mattos



Em Louvor de Nossa Senhora da Vitória


Tocai, sinos, tocai
na primeira vitória
de uma senhora santa
contra o bugre feroz
ferindo sangue ilhéu
por mais de uma cilada.

Tocai, sinos, tocai
na segunda vitória
de uma coragem santa
do humilde Catuçadas
contra ávido francês
e suas naves armadas.

Tocai, sinos, tocai
na terceira vitória
de uma guardiã santa
que sofridos ais ouve
e para longe da ilha
expulsa flamenga faca.

Tocai, sinos, tocai
enquanto houver na praça
a noite de emboscada.
 

 

 

 

Franz Xaver Winterhalter. Portrait of Mme. Rimsky-Korsakova. 1864.

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Álvaro Pecheco

 

 

08/03/2007